domingo, 3 de maio de 2009

Só dormiu depois que os olhos estavam muito inchados de tanto chorar.
Era um choro amargo, parecia que não terminaria nunca. Os olhos ardiam, estava cansada, mas não conseguia parar, era um dor insuportável. Um vazio tão cheio. Na escuridão tudo parecia piorar, o medo e a insegurança se tornavam monstros terríveis, piores dos que a assustavam na infância.
A luz era ainda mais desconcertante, mostrava toda sua fraqueza e sensibilidade inúteis. Pensava em tudo, absolutamente tudo. Era um turbilhão. Nada fazia sentido, não entendia o motivo da existência. Tudo parecia tão raso, vazio, inóspito.
Finalmente tinha chegado o inverno, sempre esperou ansiosa por esta estação, mas nem isso a acalmou. A chuva lá fora era menor que seu choro, e o frio bem mais quente que seu coração.
Amanheceu, o despertador tocou, os olhos ainda um pouco inchados. Tomou banho e saiu. Nada mudaria. Era só mais um dia.

2 comentários:

Tobias Mota Lopes disse...

Oie. Que surpresa sua visita :D
Triste esse texto, mas muito legal , muito bem feito.

E viva a volta dos nossos blogs
hehe

bjs

Gregory Zanon - The Crow disse...

vida...

e nós temos a mudança nas mãos