quinta-feira, 18 de setembro de 2008

"Salve, Salve, a Santa Igreja!"


Frederico Westphallen/RS

"O jovem rebelde e criativo
questiona e desobedece o poder,
daí encontra com Jesus
e à verdade cristã vai obedecer.
Vai se foder!

O homem consciente dos seus direitos
com malicia sabe se conduzir bem
pois esperta é a Santa Igreja
Que graças aos ingênuos sabe viver muito bem!

Salve! Salve!
A Santa Igreja!"

>>Mercenárias<<

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

"O verão acabou, cedo de mais..."

Esse minuano que passou por aqui essa semana levou com ele um grande exemplo de coragem, dignidade, determinação, amor, amizade e respeito. José Remígio Serafini, 79 anos muito bem vividos. Dono de um bom humor contagiante, sempre soube cultivar as muitas amizades que constituiu por todos os lugares que passou. Grande amigo e companheiro político, sabia respeitar as diferentes opiniões, e defender a sua – era brizolista, usava lenço branco.


Dava valor às coisas simples da vida, como tomar seu licorzinho antes do almoço assistindo ao noticiário do meio dia, churrasquear aos domingos com toda a família reunida, ou simplesmente levantar as 6 da manhã para matear com a Dona Neta – com quem compartilhou 58 anos de amor, amizade respeito e consideração, enfrentando muitas lutas, sonhando junto e obtendo muitas vitórias – sentava-se ao lado do fogão à lenha, cruzava as pernas e servia o mate quente.


Faceiro e festeiro, sempre pronto pra contar uma história, de algum de seus muitos acampamentos pampa a fora, ou simplesmente comentar a vida política do país, ou dar conselhos. Brincava que tinha uma neta comunista, outra que ia ganhar um carro, e a mais nova, a “zóio branco do vô”. Agora se foi.


Depois de um derrame no dia 21 de maio deste ano, passou a ficar mais no hospital que em casa, teve um final triste, não pode terminar seus preciosos dias comendo carne e tomando cerveja como gostaria...


Existe um ditado popular que diz: “Deus escreve certo por linhas tortas”, há essas alturas já não sei nada sobre Deus, escritas, linhas, tortas ou retas que sejam. Só sei que Seu Serafin, já não está entre nós e, deixará muita saudade. Mas, acima de tudo, um grande exemplo.


- Te amo e te respeito pra sempre, meu avô!



“é sempre mais difícil dizer adeus, quando não há nada mais pra se dizer”.



domingo, 24 de agosto de 2008

"mas to afim de ficar sinceramente embriago de sinceridade e mais alguns alucinógenos amorosos que existem aqui no meu boteco particular chamado coração"
(Lucy Indasky)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Tudo Certo

Caminhava sem rumo. Olhava as vitrines, nada a atraía muito. Pensava na futilidade da vida, ou na importância. Não tinha exatamente certeza quanto a isso. Viu de longe, aquela guria, fazia muito tempo que não a via, quase não reconheceu. Quando foi chegando mais perto teve certeza, “era ela!”.
Estava mais bonita, cabelos curtos e tingidos, piercings, tatuagens; havia mudado bastante. Quem diria...
- Oi, tudo bem?
- Oi, tudo bem?Continuou sem rumo, não importava nem pra uma nem pra outra a resposta que viria. É sempre assim, nunca importa.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

É simples assim...


Ignorância, repressão, abuso de poder, irresponsabilidade. Estava eu jantando e assistindo ao Jornal Nacional, na rede Globo, quando mais uma vez meu lar é invadido pela notícia de que policiais assassinaram um cidadão inocente, sem motivos aparentes. Mas dessa vez não foi no Brasil, foi um cidadão brasileiro residente nos Estados Unidos. Vemos que não é só aqui que existem problemas gravíssimos com a política, economia e socialização. Há algumas semanas novamente, recebi noticias perecidas, pessoas foram mortas por policiais, sem nenhuma justificativa. Simplesmente chegam e atiram, sem verificar carro, placa, e identidade da vítima. Não que tenham o direito de assassinar alguém, mas que verifiquem o que estão fazendo. A quantidade de pessoas inocentes que estão sendo mortas “por engano” é assustadora, nunca foi tão alta quanto agora.

Toda essa guerrilha urbana, onde cidadãos comuns não têm o direito de se defender, me lembraram uma música feita no final da década de 70 em Brasília, uma cidade que inventa sua própria lei – “Se eles vêm com fogo em cima é melhor sair da frente. Tanto faz ninguém se importa se você é inocente. Com uma arma na mão eu boto fogo no país. E não vai ter problema eu sei, estou do lado da lei” – Veraneio Vascaína, parece que os profissionais que supostamente receberam treinamento, estão esquecendo de tudo, apenas usando a soberba para abusarem do poder que lhes foi concedido. O dever da polícia deveria ser “zelar e proteger” a integridade social do cidadão. E o que vemos: abuso de poder.

E quem disse que eu queria receber essas notícias, assim, de forma tão fria e calculista? Não parece que são pessoas morrendo, a vida se termina com “uma nota curta nos jornais”, “eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo, sem saber o calibre do perigo eu não sei de onde vem o tiro”. Parece que tudo o que foi escrito no fim de 70 e início de 80 está vindo à tona agora, seria essa a tão esperada evolução?

“Cuidado pessoal, lá vem vindo a veraneio, toda pintada de preto, branco e cinza e vermelho, com números do lado, dentro dois ou três tarados, assassinos armados, uniformizados, Veraneio Vascaína, vem dobrando a esquina...”


terça-feira, 15 de julho de 2008


Andava apressada pela Av. Brasil,
tinha o hábito de usar relógio de pulso.
Olhou no relógio, marcava 16:32 com 47 segundos.
Nossa! Mas, já estava anoitecendo.
Droga! O relógio havia quebrado.
Por um instante, o tempo parou.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Questões a Serem Tratadas Semana Passada


Morte, terra, paraíso
Azul, poesia
Folhas secas, solas de tênis
Tempo frio
Vento quente
Chuva
Fogo e música
Grama e cheiro
Sentimento e dor
Gênio incompreendido
Questões não respondidas
Respostas sem perguntas
Caos, destruição
Vida
Sonhos, arte
Amor, traição
Ódio, desilusão
Cara ou coroa
Dinheiro
Mundo colorido
Sons que se repetem
Nostalgia
Capacidade de destruição
Apatia
Latas de petróleo
Mísseis sendo disparados
Crianças brincando
Crianças morrendo
Jovens amando
Jovens matando
Mulheres se apaixonando
Mulheres apanhando
Homens trabalhando
Homens sendo escravizados (por outros homens)
Terra, terra, terra
Verde, verde, verde
Água, Guerra
Reflexão, Ação
Ontem, hoje e amanha
Confusão e fusão.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Arteemmim

Gostava daquela sensação de estar dentro de um museu. Não tinha ido há muitos. E aquele era especial. Era no Velho Mundo. Era magnífico estar em um lugar tão antigo, com tanta nostalgia arquivada. É, exatamente, arquivada, organizada. Nostalgia separada por data e categoria, lugar de origem e importância histórica. Era estranho pensar em nostalgia como fonte de renda ou comércio, mas é assim que é tratada em museus. Lamentava. Achava que nostalgia era algo muito profundo e íntimo. Talvez um dia pudesse entender essas leis de comércio. Mas agora não queria fazer isso. Queria apenas viajar no tempo, mergulhar naquele túnel sem saber aonde iria chegar afinal.

A poeira depositada de anos. Era encantadora. Seus olhos brilhavam. Tinha que manter uma certa distância dos objetos. Isso a deixava um pouco triste. Queria ter um contato mais intenso com cada um daqueles momentos. Cada quadro daquele representava a dor, a alegria, a certeza ou a dúvida de uma pessoa. Pessoas essas que ela não conhecia, sabia apenas o nome por serem pintores renomados, mas não conhecia seus anseios e ambições. Não sabia quem realmente eram.

Olhou ao redor, não tinha ninguém naquela parte da galeria. As câmeras a fitavam, como se a fossem engolir. Era incômodo não poder ter um momento de intimidade a sós com os antepassados que você não conhece e que nunca fizeram parte de sua vida, mas ainda assim são importantes.

Em um surto arrebentou a barra de proteção que proíbe a aproximação com o quadro. Pegou-o com as duas mãos e atirou no chão. Pisou em cima até quebrar completamente. E foi assim, destruindo um por um. Sentia um prazer incomparável ao destruir cada um daqueles momentos de aflição vividos por cada um daqueles pintores famosos.

Agora se cortava. Se cortava toda. O sangue jorrava e tomava conta de todo o chão, se misturava com os pedaços de telas sujas de tinta. Agora já não eram mais obras de arte. Eram apenas telas sujas de tinta. E ela já não era mais uma linda menina. Era uma esquizofrênica se machucando.

Não sabia exatamente porque tinha feito aquilo. Não tinha sensação nenhuma, não era capaz de sentir mais nada. Acabara com cada partícula de nostalgia. Começou a se despir, perdeu todo o pudor existente devido às câmeras. Ao estar completamente nua, olhou incisivamente para o nada e se masturbou. Se masturbou como nunca. Jamais havia sentido tanto prazer. Orgasmo múltiplo, não sabia o que era isso até esse momento. Deitou no chão sujo de sangue e adormeceu. um sono traquilo. Tudo se confundia. Telas quebradas, partículas de tinta, cavaletes, corpo nu. Tudo parecia harmonicamente unido. Ali estava a verdadeira exposição de arte.

Perecível



Estava sentada no banco traseiro do carro. Chovia. Via o asfalto passar muito rápido debaixo de seus pés. Assim como as casas, os carros estacionados, as árvores, os postes, as crianças brincado, os adolescentes nas esquinas, tudo passava muito rápido. Seus olhos não captavam todos os detalhes.
O carro parou no semáforo vermelho. Ela fitou um carro estacionado na frente de uma casa grande, um garoto de aproximadamente uns 22 anos, bonito, entrou no tal veículo estacionado e saiu cantando pneus. “Deve ter brigado com a namorada”, ela pensou.
O semáforo mudou para a cor verde e o carro acelerou novamente. Quando chegou na esquina seguinte – o desastre – lá estava o carro batido no poste, que já não passava rápido, e o garoto morto. Uma legião de pessoas já se aglomerava ao redor e fazia especulações hipócritas.
A vida é assim, curta, fútil e sensível.
O carro seguiu no ritmo normal. Ela ficou pensando se teria alguma diferença morrer aos 22 anos ou aos 60. Qual vida teria sido mais feliz, a do garoto que acabara de morrer, ou a dela que talvez continuasse entediada pelos próximos 50 anos?


Ps:. “Não é desejo, nem é saudade. Sinceramente, nem é verdade”.

Pps:. “E tudo aquilo contra o que sempre lutam, é exatamente tudo aquilo que eles são”.



“Vamos falar de pesticidas e de tragédias radioativas,
de doenças incuráveis, vamos falar de sua vida.
Preste atenção ao que eles dizem,
ter esperança é hipocrisia!
É preciso acreditar num novo dia,
na nossa grande geração perdida,
nos meninos e meninas,
nos trevos de quatro folhas.
A escuridão ainda é pior que essa luz cinza”

quarta-feira, 28 de maio de 2008


A violência é tão fascinante
E nossas vidas são tão normais
E você passa de noite e sempre vê
Apartamentos acesos
Tudo parece ser tão real
Mas você viu esse filme também.
Andando nas ruas
Pensei que podia ouvir
Alguém me chamando
Dizendo meu nome.
Essa justiça desafinada
É tão humana e tão errada
Nós assistimos televisão também
Qual é a diferença?
Não estatize meus sentimentos
Pra seu governo,
O meu estado é independente.
Já estou cheio de me sentir vazio
Meu corpo é quente e estou sentindo frio
Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber
Afinal, amar o próximo é tão demodé.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Democratização dos Meios de Comunicação


Atualmente no Brasil, os donos de emissoras de radiodifusão vivem um momento muito tranqüilo, no ano passado, as concessões foram renovadas para os próximos quinze anos e a população sequer foi consultada sobre a decisão votada no parlamento.
É complicado pensar em um país democrático de fato, quando toda a imprensa nacional está centralizada na mão de seis famílias, além disso, a maioria delas tem “mídias cruzadas”, ou seja, possuem mais de uma modalidade de mídia, um mesmo grupo domina rádio, TV, jornal e revista.
No Paraná, e em Foz do Iguaçu a situação é exatamente a mesma. Basta abrir o jornal para ver estampado, em todas as páginas, a hipocrisia do jogo de interesses políticos e econômicos voltado para defender um pequeno grupo burguês. Prova concreta disso é que 15 geradoras de TV e 131 retransmissoras no estado são controladas por políticos, isso equivale a 41% da mídia estadual.
As concessões de radiodifusão são renovadas a cada quinze anos. Para a renovação as empresas devem declarar seus interesses ao Ministério das Comunicações, depois a Casa Civil da Presidência da Republica assina a renovação por meio de decreto e encaminha para o Congresso Nacional, no Congresso, o primeiro passo é ser avaliada pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados (CCTCI), depois, o processo é enviado à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CDJC). Passa pelo Senado e então é analisada pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática. Se o pedido é aprovado também nessa comissão do Senado, finalmente o processo volta para a Casa Civil, onde o presidente publica o decreto que oficializa a renovação da concessão.
Normalmente, todo esse processo deveria ser feito em no máximo um ano. Mas não é assim que acontece. No caso de rádios o processo chega levar sete anos para ser aprovado. Isso se deve ao fato de que aproximadamente 100 parlamentares, entre Câmara de Deputados e Senado, são ligados à radiodifusão.
Desses 100 parlamentares envolvidos, 53 deputados e 27 senadores possuem diretamente algum veículo de comunicação, 40 geradoras de televisão da Rede Globo são dominadas por políticos, 128 geradoras de outras transmissoras também são manipuladas por interesses políticos. Em 2004, dez deputados votaram na renovação de suas próprias TV´s, de 80 membros da Comissão de Ciência e Tecnologia 16 são ligados diretamente a alguma emissora de rádio ou TV, 1202 autorizações de rádios comunitárias dadas entre 1999 e 2004 são controladas por grupos partidários.
Em Foz do Iguaçu os dois jornais da cidade pertencem a empresários. O Gazeta do Iguaçu pertence ao Ermínio Gatti, dono também da empresa de Transporte Coletivo, Viação Itaipu. É um tanto estranho que no jornal dele nunca apareça nenhuma notícia voltada aos interesses da população, não? O Jornal do Iguaçu, a rádio 97,7 FM e a Foz TV, pertencem à Rosicler Hauagge do Prado, que por sinal também é dona de uma rede de colégios e de uma faculdade. “Normal” que as matérias sejam censuradas e manipuladas a seu favor.
Não podemos achar “normal”, a manipulação da mídia a favor de pequenos grupos burgueses, e muito menos, achar normal o monopólio dos meios de comunicação da cidade. Os canais de TV não são nem um pouco diferentes, exemplo claro é o fato de a TV Tarobá pertencer à família Muffato, dona também de uma rede de supermercados.
Já passa da hora de nós enquanto jovens politizados e formadores de opinião começarmos debater sobre as concessões e autorizações de radiodifusão. Porque essas três famílias supracitadas dominam os meios de comunicação de uma cidade inteira de parte de uma região? Porque os jovens não têm participação no processo de discussão sobre as autorizações? Porque não temos uma rádio ou uma TV comunitária? Todas essas questões devem ser amplamente discutidas. As decisões sobre um bem tão valioso como a comunicação deve ter sim, consulta e aprovação popular. Somos nós que sabemos o que queremos e o que precisamos ler, ouvir e assistir todos os dias. Estamos cientes da manipulação existente nos nossos meios e comunicação e devemos lutar por uma participação direta nesse processo, através de Conferências municipais, estaduais e nacionais sobre Democratização dos Meios de Comunicação.
Se os meios de comunicação atendem às necessidades do povo, o futuro nos pertence!



terça-feira, 13 de maio de 2008

Mp3



A música parecia ferir seus ouvidos, gostava daquelas músicas, mas já não lhe faziam tão bem. Talvez fosse a idade, é, estava começando a pensar nesse negócio de idade. Qual seria a idade em que a pessoa se torna adulta? Ou que o adulto começa a envelhecer? E aquelas pessoas que dizem que para o amor não existe idade, será que não existe mesmo? Será que quando as pessoas se tornam realmente adultas elas atingem a maturidade? Param de ouvir musicas legais? Ler livros interessantes?
Não sabia responder à essas perguntas, afinal, não era adulta. Mas apesar da pouca idade, já lhe cobravam muita responsabilidade. Seria pedir muito, um momento tranqüilo com os fones no ouvido? Mas era diferente, às vezes não dava mais, muita importância para esses momentos.
Será que estava se acostumando com as responsabilidades? Os fones lhe machucavam os ouvidos. Já não sentia a mesma emoção ao descobrir uma banda nova. Estava pensando sobre isso. Dentro do ônibus. Olhava as pessoas ao redor, em que será elas estariam pensando? Será que pensavam na vida e em quem ela mesmas eram? Ou será que só pensavam na próxima conta pra pagar, na roupa da vitrine e a última notícia do jornal?
Como a vida se resume à coisas fúteis, pensava. As pessoas vivem para trabalhar, estudar para arrumar um emprego melhor, para ganhar mais dinheiro e gastar mais com mais coisas inúteis criadas pelas leis de mercado desnecessário.
Não queria isso pra si mesma. Mas como evitar? Já estava entrando no ritmo. Já aprendera a cobrar e ser cobrada, mandar e ser mandada. Puxou a campainha, afinal, era hora de descer e encarar o mundo. A música continuava a tocar...
Ps:. "meu corpo é quente, estou sentindo frio..."

quinta-feira, 8 de maio de 2008

"Vício é aquilo que você faz pela última vez, todos os dias."

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Insaciável



Ela estava deitada, o corpo talvez “pensando” em acordar, fora uma noite intensa, excêntrica, cansativa e prazerosa. Agora, porém, restavam apenas cinzas de cigarros espalhadas pelo quarto, lençóis amassados, roupas jogadas ao chão, dois copos vazios, pontas de um baseado comprado em uma esquina qualquer especialmente para ocasião e um profundo sentimento de vazio...

A pele exposta, as formas nuas totalmente à mostra eram perfeitas. Uma união simples e deliciosa. Eu apenas admirava, agora pareciam intocáveis. Aquele corpo desfalecido sobre a cama extraíra todo o sumo do prazer possível de se proporcionar a um ser humano.

Sim, havia lhe proporcionado todo o prazer imaginável, sem pedir nada em troca. Agora, só restava aquele lindo corpo, que eu admirava e tinha medo de tocar. Os fechos de luz que anunciavam o amanhecer penetravam a janela, assim como penetrei suas formas, e faziam com que a perfeição tão apreciada, agora se tornasse intangível.

Tinha medo de me aproximar e quem sabe, estragar o momento perfeito que me fora proporcionado, sentia-me vazia, apesar de todo o prazer que ainda me restava. O vazio era maior. Insaciável e profundo. O medo, a vergonha, o pudor, a culpa e o prazer, tudo se confundia e se fundia em minha mente obcecada. Ela, com toda sua delicadeza profana, abriu os olhos castanhos e incisivos, e eu não soube o que fazer.


Ps:. “eu lembro beijos, blues e poesia, eu lembro a cara que você fazia, será que eu lembro que não existia, eu lembro dia e noite, noite e dia...”.

Pps:. Acho que nesse momento tem alguém se apaixonando por alguém, e se sentido sozinho, ou não...

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Buquê de Lírios



Uma estrela cadente foi exatamente isso. Via a vida passar sentada na frente de um computador. Sabia o que estava acontecendo através de sites de notícias.
Não tinha muito tempo livre, trabalhava bastante. Ligava uma vez por dia para a namorada. Não sabia como ainda estavam namorando, com tão pouco tempo, logo, logo, Letícia se enjoaria dela, mas aproveitava enquanto isso não acontecia. Namoravam já fazia um ano e três meses. Droga. Hoje completava quatro. E ela já ligara para Letícia, e não lembrou de dizer nada. Fazer o que, esqueceu. Ta tudo bem, nada que um buquê de lírios não resolva. Ligou para uma floricultura, “um buquê de lírios por favor. É. De Ana para Letícia, com amor. Obrigada.”
Já faz um ano e quatro meses, quem diria que chegariam a tanto tempo juntas. Quando eram adolescentes gostavam de subir até o terraço do prédio, deitar de costas no chão e ficar observando o céu, procurando estrelas cadentes. Eram confidentes. Como se decepcionavam com os garotos, sempre tão infantis. Diziam que um dia encontrariam alguém perfeito. Nunca imaginariam que seriam perfeitas uma para outra, tirando o stress do trabalho, tudo estava bem.
Publicitária, atualmente está trabalhando para uma marca de roupas chamada Estrela Cadente. Cada vez que desenvolve um novo projeto para a marca, lembra-se perfeitamente das noites no terraço do prédio. Mas a cena que lembra com mais freqüência é do dia em que Letícia subiu as escadinhas apressada. Chorando muito. Ana perguntou o que tinha acontecido, e Letícia respondeu: “perdi minha virgindade com o Júlio, eu fiz uma grande merda, achei que o amava, e do nada chamei ele de Ana”. Ana olhou perplexa. “Cara, o quê que você fez!, como que você chama o cara de Ana?!”. Abraçaram-se forte e pronto, deitaram e foram caçar estrelas cadentes pra esquecer o que tinha acontecido. Ana tinha 15 anos, Letícia ia completar 16 no próximo mês.
Até hoje não lembra direito o que aconteceu nos dias seguintes. Foram meio conturbados. Mais para ela mesma que para Letícia. Agora, sete anos depois, até se divertem contando a história para as amigas. Júlio, é que não se conforma muito, ainda é amigo de Ana, de Letícia, não muito.Terminou o expediente, saiu, no caminho ligou para Letícia pela segunda vez nesse dia, marcou de encontrá-la em casa. Passou na loja de conveniências comprou umas cervejas, buzinou, e Letícia já saiu correndo com o buquê de lírios entre os braços, dizendo que tinha adorado. Entrou no carro e foram. Depois de dirigir muito, estacionou em um bosque, estava meio conturbada. O bosque estava completamente vazio, era bem longe da cidade. Deitaram sobre a grama e ficaram conversando as coisas de sempre, o dia corrido que tiveram, os problemas do trabalho. Deixaram a rotina de lado e ficaram simplesmente observando as estrelas, procurando a estrela cadente. De repente, passa uma, Letícia diz baixinho, “eu desejo, nunca me separar de Ágata”. Ágata, Ana ouvira bem, Ágata, como assim? Ágata? “eu não acredito que eu to passando pela mesma coisa que o Julio passou a sete anos atrás!”. “Não foi isso que eu quis dizer juro, não tem nada a ver”. Não queria ouvir explicações. “Entra no carro, não vou deixar você aqui, vamos”, entraram no carro e voltaram para a cidade. Estacionou na frente da casa de Letícia.
“Tchau!” e saiu cantando pneus. Estava completamente perdida, não prestava atenção nos carros passando, nem nos pedestres em nada. Apenas via o rosto de Letícia, em todos os lugares. Estacionou o carro em um lugar qualquer e saiu correndo. Correndo desesperada. Não deu tempo de atravessar a rua, foi atropelada. Naquele instante viu todas as cenas importantes de sua vida passarem em um segundo. Mas o primeiro beijo de Letícia se demorou pra passar, parecia que ia ficar vendo aquela cena para sempre, mesmo sabendo que seu sempre não duraria muito. Sentia dor, gosto de sangue na boca, seus olhos ardiam. Antes de chamar pela última vez o nome de Letícia, pode ver uma estrela cadente cortando o céu.

terça-feira, 22 de abril de 2008

"Novos Rumos"

- “Aos novos rumos da América Latina”
- Aos novos rumos!
- Cara, que massa, vocês tão vendo a proporção que as coisas estão tomando?
- E o melhor de tudo a gente tá participando das mudanças.
- Não só participando, estamos sendo protagonistas em grande parte delas!
- Sim!
- Agora, a vitória do Lugo!
- É muita gente, o Lugo, o Evo, o Hugo, o Lula... É uma galera!
- As coisas realmente vão mudar, estão mudando.
- O povo latino americano tomou consciência de que é possível mudar a realidade que vivemos.
- É, muito massa, o povo está tomando consciência e tudo mais, mas agora eu tenho que ir pra aula.
- É, eu também, não dá pra ficar no bar brindando a vitória latino americana a aula inteira.
- É isso aí, eu tenho sociologia agora, tô fudido!
- Boa sorte, vai lá, a gente se vê depois da aula então?
- Ah, ok, depois da aula.
- Hei, galera: “hasta la vitctória”
- Siempre!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

"e se antes, um pedaço de maçã, hoje quero a fruta inteira, e da fruta tiro a polpa...
todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem"

segunda-feira, 7 de abril de 2008


"eu só sei que nas noites de outono é melhor perder o sono e sair pra ver o céu"

sexta-feira, 4 de abril de 2008

LISTA DE PREFERÊNCIAS

Alegrias, as desmedidas.

Dores, as não curtidas.

Casos, os inconcebíveis.

Conselhos, os inexeqüíveis.

Meninas, as veras.

Mulheres, insinceras.

Orgasmos, os múltiplos.

Ódios, os mútuos.

Domicílios, os passageiros.

Adeuses, os bem ligeiros.

Artes, as não rentáveis.

Professores, os enterráveis.

Prazeres, os transparentes.

Projetos, os contingentes.

Inimigos, os delicados.

Amigos, os estouvados.

Cores, o rubro.

Meses, outubro.

Elementos, os fogos.

Divindades, o logos.

Vidas, as espontâneas.

Mortes, as instantâneas.

(Bertolt Brecht)